Ciranda de Pedra

Fantasias, amores e paixões

Elegância e delicadeza são palavras que embalam a criação da próxima novela das 18h, Ciranda de Pedra. Com autoria de Alcides Nogueira, direção de núcleo de Denise Saraceni e direção geral de Carlos Araújo, a novela, cuja trama é livremente inspirada no romance homônimo de Lygia Fagundes Telles, estréia no dia 05 de maio de 2008
Essa ciranda, norteada por doçura e humor, conta duas histórias fundamentais, tendo como cenário a São Paulo de 1958: o triângulo amoroso entre Natércio (Daniel Dantas), Laura (Ana Paula Arósio) e Daniel (Marcello Antony) e o rito de passagem da adolescência para a vida adulta jovem Virgínia (Tammy Di Calafiori), filha de Daniel e criada como filha legítima de Natércio.
?A história é a mescla perfeita entre o movimento de uma ciranda e a imobilidade da pedra. As pessoas estão em constante movimento, procurando seus destinos, porém estão atadas às suas próprias histórias. Em Ciranda de Pedra, os personagens querem a liberdade, viver suas vidas, fantasias, amores e paixões, mas estão amarrados à tradição, aos seus passados?, define Alcides Nogueira.
O ano de 1958 não foi escolhido à toa – no romance original, a trama se passa em 1947. Para o autor, esse é o mais dourado e emblemático dos anos para o Brasil. Apesar de não se tratar de uma novela épica, e sim de uma história das pequenas tragédias e laços de ternura que ligam os seres humanos, é neste pano de fundo que transcorre o cotidiano dos personagens de Ciranda de Pedra. Na política, JK modernizava o país prometendo o avanço de cinqüenta anos em cinco; entusiasmava empresários com a construção de Brasília, que seria inaugurada dois anos depois, com arquitetura de Oscar Niemeyer. Na economia, com a implantação de indústrias como a automobilística e da Usina Hidroelétrica de Furnas, o país passava a ter uma nova relevância no mundo das transações comerciais.

Na cultura, nascia a Bossa Nova e a cena teatral se agitava com a luta do Teatro de Arena e o Oficina por uma dramaturgia voltada para as questões do povo brasileiro. A literatura e as artes plásticas assistiam às mulheres conquistando e consolidando seu espaço. No cinema, as caríssimas chanchadas ainda tinham seu público, mas o engajamento social e o lema ‘uma câmera na mão e uma idéia na cabeça’ começavam a formar o Cinema Novo, de Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos, entre outros. No esporte, o capitão da seleção brasileira de futebol, Bellini, erguia a Jules Rimet ao ganhar a Copa do Mundo e a tenista Maria Ester Bueno vencia o torneio de duplas em Wimbledon. No ano seguinte, ela seria a primeira brasileira a conquistar o campeonato na categoria individual. Em 1958, São Paulo já era a décima maior metrópole do mundo.

Os amores de Natércio, Laura e Daniel

Ainda bastante jovem, Laura (Ana Paula Arósio) se casou com Natércio (Daniel Dantas) por amor. Desse casamento, que a fez feliz por um tempo, nasceram Bruna (Anna Sophia Folch) e Otávia (Ariela Massotti). A sensibilidade de Laura, no entanto, era um tecido frágil e delicado, como os quadros pintados por ela, e bem diferente do pragmatismo e da ambição de seu marido Natércio Silva Prado, advogado e empresário de sucesso, filho de uma tradicionalíssima família quatrocentona de São Paulo.
Apesar do amor que verdadeiramente sentia pela esposa, ele não foi capaz de compreendê-la em sua subjetividade e complexidade. O empenho com que multiplicava as cifras de seus investimentos e se dedicava à carreira jurídica crescia na mesma proporção em que se afastava do afeto que sentia por Laura, transformando-a em mais uma de suas ferramentas profissionais. Culta e bela, era sem dúvida a mulher perfeita para estar ao seu lado, como um troféu bem-polido a ser exibido para a alta sociedade e o empresariado paulistas.
A estabilidade emocional de Laura começou a ruir e acabou levando-a a conhecer o grande amor de sua vida, Daniel (Marcello Antony). Médico com especialização em neurologia, Daniel Freitas foi contratado por Natércio para cuidar dos distúrbios emocionais de Laura, que a faziam ter crises constantes, ora tranqüila e simpática; ora irascível e nervosa. A atenção com que o médico cuidava de Laura a fortaleceu e os dois se apaixonaram. Desse amor nasceu Virgínia (Tammy Di Calafiori).
A relação dos dois, contudo, foi esmagada pelo advogado, que ameaçou tirar a guarda das filhas de Laura caso ela o abandonasse. Os três, portanto, fizeram um pacto que determinava que o iminente escândalo seria abafado e a caçula criada como uma Prado, impedindo que o médico reconhecesse a paternidade da menina. Laura e Daniel sublimaram a paixão e o desejo que sentiam um pelo outro, mantendo, desde então, uma relação de cuidados médicos e de um amor profundo e casto que os uniria para sempre. Natércio, em sua solidão cortante, tornou-se um homem cada vez mais prepotente, dilacerado por não saber como lidar com seu amor e sua obsessão por Laura.

A reviravolta de Laura

Em 1958, quando a trama de Ciranda de Pedra começa, Laura está há seis meses internada à força por Natércio, em uma casa de repouso, e proibida de ver as filhas. Virgínia já é uma moça. Dr. Daniel divide seu tempo entre os atendimentos no posto de saúde e em comunidades carentes, mas sem deixar faltar nada à Laura, sempre cuidando dela com muita atenção.
O retorno de Laura à mansão dos Prado é minuciosa e triunfalmente planejado por Natércio. Ele organiza uma ostensiva festa de aniversário para a esposa, na qual pretende fazer diversos e importantes contatos profissionais. Antes do grande dia, entretanto, prende Laura no sótão da mansão, lindamente decorado. Lá, ele mina suas forças e a submete a mais uma chantagem para que aceite a festa. Laura sucumbe às pressões e às diversas situações impostas pelo marido por um tempo, até decidir tomar as rédeas de sua vida e lutar por sua felicidade. Ela finalmente abandona seu casamento de aparências e sua linda casa no Jardim Europa e vai morar no sobrado de Daniel, na Vila Mariana.

O apoio de Virgínia
Ao contrário das irmãs Bruna e Otávia, que, apesar de amarem a mãe, morrem de vergonha das crises dela, Virgínia apóia e cuida de Laura incondicionalmente. Sem saber de seu passado, a jovem se sente rejeitada pelo pai Natércio e não entende por quê. Isso a aproximou ainda mais de Laura que sempre a protegeu e tratou com extremo carinho. Essa relação tão cúmplice, no entanto, despertou o ciúme de suas irmãs, principalmente de Otávia, que ama a mãe profundamente, mas se esforça para se livrar desse sentimento, sofrendo por se sentir preterida. Já Bruna se esconde atrás de sua devoção à religião, porém é incapaz de um ato de generosidade.
Com a saída de Laura da mansão, Natércio volta sua fúria contra Virgínia, sempre instigado pela governanta Frau Herta (Ana Beatriz Nogueira), que conduz a casa com mão de ferro. Apaixonada em segredo pelo patrão, a empregada quer tomar o lugar de Laura e tenta destruir tudo o que é querido por ela ou lhe faz bem. Cada vez mais desnorteada, Virgínia decide morar com a mãe, na casa de Daniel. O que poderia ser finalmente a reunião daquela família, impedida da felicidade em sua origem, é abalada pela morte de Laura, cuja doença foi alimentada e manipulada à distância por Natércio.
Além da perda da mãe, o caminho de Virgínia vai lhe reservar duros golpes: ela descobrirá que seu verdadeiro pai é o médico Daniel e se sentirá rejeitada por ele não a ter assumido. A jovem também vai experimentar o amor, porém não sem dores. Virgínia vai sofrer ao perder seu primeiro namorado e paixão de infância, Conrado Cassini (Max Fercondini), para sua própria irmã Otávia, que seduzirá o rapaz apenas por capricho. Depois vai se apaixonar por Eduardo (Bruno Gagliasso), gerando-lhe um grande conflito, já que o jovem engenheiro é namorado de Margarida (Cléo Pires), professora primária que ela conhecerá na Vila Mariana e da qual se tornará grande amiga.

Família Cassini
Muito próxima dos Prado está a família Cassini. Cícero (Osmar Prado), filho de imigrantes italianos que enriqueceu com muito trabalho e honestidade, é o único amigo de Natércio. Dono de uma metalúrgica em sociedade com o advogado, ele é rude, mas tem um coração enorme e valoriza a família acima de tudo. Isso o leva a discordar brutalmente da maneira como o amigo trata Laura. Apesar de aceitar as críticas constantes que Natércio faz a ele, não admite que o advogado o desautorize na frente de seus empregados. Tem seus brios! Julieta (Mônica Torres), sua esposa, é a melhor amiga e confidente de Laura. Sofre com as crises dela e principalmente com os desmandos de Natércio, já que foi ela quem o apresentou à amiga. Criou os filhos Conrado e Letícia (Paola Oliveira) muito perto de Bruna, Otávia e Virgínia. Julieta morrerá misteriosamente na trama, o que agravará ainda mais a doença de Laura.

Vila Mariana
É o bairro da classe média e dos trabalhadores que acreditam no progresso do país e que São Paulo é a terra das oportunidades. Bem diferente do aristocrático bairro Jardim Europa em que a vida se dá na esfera privada, Vila Mariana é um bairro em que as relações acontecem na rua. Laura e Virgínia conhecerão esse ambiente ao se mudarem para o sobrado de Daniel.
É nele que o cabeleireiro e peruqueiro Seu Memé (José Rubens Chachá) vive às turras com sua sogra Dona Ramira (Walderez de Barros). A esposa Alzira (Clarice Niskier), que apesar de amar o marido, é obediente à mãe, é uma pasteleira de mão cheia. Na década de 50, os pastéis da Vila eram considerados os melhores de São Paulo. Completando a família, as irmãs Elzinha (Leandra Leal) e Margarida (Cléo Pires) são os opostos. A primeira é uma coquete que só pensa em dar o golpe do baú: mal consegue se manter 24 horas empregada e não se cansa de contar pequenas mentirinhas para provar que ?Elzinha é biscoito fino!?. Tem uma filha pequena, que ama muito, mas que é criada como sua irmã caçula para não desonrar a família. Margarida é o avesso. Extremamente responsável, leva sua vida de professora primária com muita dedicação e mantém seu coração bem longe de qualquer conta bancária.
Também muito conhecida no bairro é Aurora (Rosa Marya Colin), dona de uma pensão que abriga migrantes de todo o Brasil que chegaram a São Paulo para fazer a vida. Urânia é outra ?figurinha fácil? do bairro. Presidente do decadente Grêmio da Vila Mariana, não mede esforços para que seus trambiques dêem certo e garantam um suculento filé mignon à mesa. Para isso, conta com a ajuda do filho Patrício (Julio Andrade), pai coruja da adolescente Naná (Nêmora Cavalheiro).

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Author: Paulo Antônio
Brasileiro, 73 anos, Jornalista, Especialista em Administração, estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Blogueiro.