Adalberto é vendido pelo pai aos 10 anos

Aos 10 anos de idade, Marconi Ferraço – hoje poderoso e conhecido por esse nome – já aprende a não ter raízes. Chamado de Juvenaldo quando criança, ele mora com o pai e outros tantos irmãos em uma favela de palafitas do Recife.
Sem condições de sustentar a família, o pobre homem vende Juvenaldo para um forasteiro chamado Hermógenes. Rebatizado de Adalberto, o menino abandona a família e segue estrada afora com seu novo tutor. Graças à carinha de pidão, Adalberto ajuda a dar credibilidade aos trambiques de Hermógenes.
Os anos se passam e com 15 anos, Adalberto já aprendeu muito sobre a vida. Ele e o tutor têm como grande trunfo o golpe da máquina de fazer dinheiro. ‘O senhor já ouviu falar em Emil Du Bray?’, pergunta sempre Hermógenes à vítima. E começa a destrinchar uma fantástica história sobre um cientista belga que inventou a máquina de duplicar dinheiro. Pouco depois, a vítima é enrolada pelo charlatão e compra a tal máquina por uma pequena fortuna. Até que se descubra que a traquitana é uma farsa, Hermógenes e Adalberto já estão a quilômetros de distância.
As andanças ao lado de Hermógenes transformam Adalberto num expert na arte de enganar. Quase tão bom quanto seu professor. O problema é que, já adulto, Adalberto não pode mais fazer o tipo ‘garoto pidão’. Além disso, quer ganhar sua própria fortuna sem depender de Hermógenes.
Decidido a sumir no mundo, Adalberto resolve roubar a falsa máquina milagrosa e todo o dinheiro de seu mestre. Enquanto o homem dorme, ele entra em seu quarto, pega o ‘tesouro’ e desaparece sem deixar rastro.
Adalberto casa, dá o golpe e desaparece
‘Há pessoas que só desejam uma coisa na vida: ser roubadas’. A frase costumeira de Hermógenes soa como um mantra na cabeça de Adalberto, que dirige seu carro por uma estrada do sul do Brasil.
Ele acaba de dar o golpe da máquina de duplicar dinheiro em um fazendeiro, e está satisfeito com vários dólares dentro de uma maleta. Mas este dinheiro não vai significar nada perante a situação que ele está prestes a viver: nada mais, nada menos que o grande golpe de sua vida, aquele pelo qual tanto ansiou.
Enquanto dirige, Adalberto presencia um grave acidente. Um carro tenta fazer uma ultrapassagem perigosa, perde o controle e capota ribanceira abaixo. Assustado, o golpista estaciona e desce para ver se há sobreviventes. Chegando lá, encontra os dois acidentados já sem vida. Adalberto revista seus pertences e encontra uma mala com dinheiro, apólices, e fotografia de uma jovem. Atrás da imagem, um recado: ‘Pra vocês lembrarem da filha única e muito querida durante a viagem. Beijo, Maria Paula’.
De posse destas informações, segue ao encontro da herdeira órfã, que mora em uma cidade chamada Passaredo. Mente para a garota que viu o último suspiro de sua mãe. Segundo Adalberto, Gabriela pediu que ele cuidasse de Maria Paula. Os amigos da herdeira – Luciana, Jandira e Claudius – estranham a presença invasiva do forasteiro e tentam alertar Maria Paula. Mas Adalberto é rápido e em pouco mais de um dia consegue seduzi-la, lembrando-se das palavras de Bárbara, anos antes: para conquistar uma mulher, é só deixá-la mergulhar nos olhos do homem.
E assim Maria Paula se casa com Adalberto. Pouco tempo depois, ela descobre que seu marido desapareceu, levando todos os seus bens. O golpista, por sua vez, muda o rosto, o nome e o estilo de vida. Transforma-se no respeitável Marconi Ferraço.
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